quarta-feira, março 30

terça-feira, março 15

Pimbas


Eu TENHO que arranjar um livro deste homem.

sábado, março 12

Vá, venham lá bater-me...

Quando abri o blog vinha cheio de ideias para escrever, além de uma enorme vontade de o fazer, mas assim que me deparei com o assustador espaço em branco para o qual tinha que transcrever tudo o que me passava na cabeça, acobardei-me e estive uns minutos a contemplar esse mesmo espaço vazio.

Queria escrever algo mais "literário", mais na onda de uma pequena história, mas também queria escrever algo que servisse de alegoria para criticar a geração à rasca, além de um texto sério, crítico e objectivo sobre a manifestação de hoje.

Como é óbvio, na altura de escrever caiu tudo por terra. Uma história não se escreve em dez minutos, num post dum blog; uma alegoria é pura e simplesmente pretensiosismo da parte da minha mente; e um texto sério, crítico e objectivo que não fosse um simples papaguear de tudo o que já vi escrito seria algo muito complicado.

Assim sendo, acabei da forma que me estão a ler. A não dizer nada de jeito. Mas vou aproveitar para ainda dizer umas coisinhas.

Toda esta história da geração à rasca, da canção dos Deolinda, da overdose de Homens da Luta e do ressurgimento da cantiga enquanto arma para a revolução, tem-me passado um bocado ao lado. Quer dizer, eu até compreendo alguns dos argumentos do pessoal à rasca, acho que os Deolinda são engraçaditos e que os Homens da Luta são verdadeiramente hilariantes, mas vamos lá ter calma...

Para começar, tendo eu 17 anos e andando na escola, ainda não percebo na totalidade os problemas de que tanta gente se queixa. Não faço a mais pálida ideia do que é estar no mercado trabalho, tentar arranjar emprego, pagar dívidas e afins. Mas sei o que é esforçar-me em vão, fazer sacrifícios e escolhas mais ou menos difíceis. Sei o que é estar a estudar para conseguir atingir algo que não tenho a certeza de ser atingível. Mas acho que não vai ser aos gritos no meio da Avenida da Liberdade que vou conseguir o que quero.

A sério, manifestações são coisas de gente mimada (desculpa Alice! É óbvio que há excepções, mas estou a falar no geral, não me crucifiques já). Gritam que querem isto e gritam que querem aquilo e gritam que querem mais não sei o quê, mas sabem quem é que grita para conseguir o que quer? Bebés.

Pensemos um bocadinho. Porque raio é que tanta gente sente esta necessidade de gritar por aquilo que quer? "Porque o Governo está cheio de bestas e não nos dá o que queremos sem que gritemos!". Sim, talvez, mas porque é que isso acontece? No fundo, e tecnicismos sócio-político-económicos que eu não percebo à parte, é porque não há dinheiro. E não há dinheiro porque se anda a pagar a gente que chega tarde e sai cedo, gente que podia despachar o quádruplo do trabalho, se não ligasse a tantos amigos, não fizesse tantas pausas para cigarrinhos e se se queixasse menos e trabalhasse mais.

Não há dinheiro porque se anda a fomentar uma educação para europeu ver, que obriga os alunos a estarem na escola até ao 9º ano (nada de especial), mas que quer esticar isso para o 12º (HORRÍVEL!), que olha para os números e vê que o número de repetentes duplicou, e lhes arranjam cursos profissionais, onde andam, com 18, 19 e 20 anos a aprenderem coisas que eu aprendi aos 12... Mais uma vez, nem todos são assim, e perdoem-me os que não são, se se sentirem ofendidos. Mas eu olho à minha volta, e é só isto que vejo, praticamente.


(E muito mais, é claro! E sei que o Governo não está isento de culpa, obviamente, também houve ali muita aldrabice... Mas pronto, continuemos...)

Isto faz com que no final se tenha uma geração inteira com o 12º feito, provavelmente até com um canudo nas mãos, mas com um grau de conhecimentos equivalente ao que aqueles que estudaram pelas vias normais tinham antes de saírem do básico.

Se calhar não tenho razão. Não sou economista, a minha especialidade é mais explosões, astronomia e funções. Por isso às tantas o que disse ali em cima não passam de argumentos ocos que precisam de amadurecer e o raio que o parta. Pelo menos não é só "Basta!", gritado a plenos pulmões.

Ainda fica muito por dizer, mas deixem-me acabar a dizer que compreendo quem se diz à rasca. Eu também estaria, se em vez de ter ficado em casa, a estudar, tivesse passado a tarde a passear pela rua, a gritar feito idiota, com uma cartolina nas mãos.

sexta-feira, março 11

City von Containern II

Ainda só tive 2 dias de aulas nos famigerados contentores e já desenvolvi toda uma nova e resplandecente gama de ódios.

Por exemplo, normalmente pouco ou nada ligo às vestimentas das outras pessoas. Pouco me importava com o facto de esta ou aquela rapariga estar de saltos altos ou de coisinhas horríveis com nome de bruxinha adolescente. Pois bem, isso mudou, e de que maneira! Actualmente até prefiro que venham descalças, a empestar perfumar a escola com o cheiro a chulé rosas, do que virem de saltos altos.

É que é uma das coisinhas mais irritantes que eu já vi, ombro a ombro com areia dentro dos calções da praia. Gajas de salto alto, no primeiro piso dos contentores, NÃO dá bom resultado. Nos contentores em baixo ouve-se um portentoso TOC TOC TOC TOC, que ressoa por todo o lado, fazendo tremer o próprio âmago de quem o ouve e sente.

Por isso vos peço, encarecidamente, que deixem os saltos altos em casa. Eu empresto-vos uns ténis, uns chinelos, qualquer coisa, mas não levem saltos altos. Por favor.

Ah, e no que toca a alunos amacacados, aqueles que conseguem ser um insulto tanto para os alunos como para os próprios macacos, por favor deixem-se a vocês mesmos em casa. Se há coisa que também não me faz falta por lá, são os vossos gritos e gemidos e bramidos e parvoíces e manias e tudo o resto!

quinta-feira, março 10

City von Containern I

Deu-se hoje na escola uma mudança deveras agradável. Em virtude das obras na escola já estarem a decorrer, todos os 900 e qualquer coisa alunos foram trasladados para as chamadas "instalações provisórias", os relativamente famosos monoblocos. Ou, como eu e toda a gente carinhosamente lhes chama, os contentores.

Não quero com isto dizer que se parecem com contentores do lixo, nada disso! São mais do estilo daqueles contentores de carga marítima. Só que em vez de cheirarem a peixe, cheiram a ovelhas que se seguem umas às outras, num círculo interminável de estupidez e parvoíce acentuada.

Mas bem, é uma mudança para melhor. Como já disse, estas instalações são meramente "provisórias", que é como quem diz "até as obras acabarem", data que, dependendo do sexo da pessoa a quem se perguntar, tanto é "daqui a 14 meses" como é "um dia destes, agora é que não, que dói-me a cabeça". Depois destas instalações, iremos ter direito a uma escola topo de gama, verdadeiramente espectacular, futurista, com aspecto de casa de jogador de futebol extravagantemente rico, com direito a materiais topo de gama...

É claro a expressão "topo de gama" tem significados diferentes em "escola topo de gama" e em "materiais topo de gama". Uma espécie de polissemia que só faz sentido dentro da minha cabeça. No primeiro caso refiro-me a uma escola do caraças, verdadeiramente espectacular; já no segundo, refiro-me a materiais gamados, já que pela altura em que está previsto o fim das obras (daqui a 14 meses, evitei as gajas, desta vez) provavelmente não vai haver dinheiro para comprar livros de ponto, quanto mais computadores todos tecnologicamente avançados e outros materiais que tais.

Ah, e já referi que vos menti um bocadinho? Ora vejam: "iremos ter direito a uma escola topo de gama". AH!, bela piada, não sei como é que deixam passar estas coisas! Conseguem apanhar a mentira? Façam de conta que eu sou a Dora a Estereótipo e procurem por ele.

...

Ora, lá está ele! Muito bem apanhado! A parte do "iremos" é mentira. Pois é, uma vez que tenho o azar de ser um rapaz moderadamente inteligente que não tenciona chumbar, acabando assim o 12º (LOGO À PRIMEIRA VEZ, MINHA NOSSA SENHORA, QUE ABERRAÇÃO DA NATUREZA!!!!), só irei ter mais... 3 meses nesta escola. Ficam a faltar uns estrondosos 11 meses, quase tanto tempo quanto o tempo que uma criança demora a nascer numa telenovela. Ou seja, não apanho a escola nova.

Fico-me mesmo pelos Containern.