quarta-feira, dezembro 30

"Tias"

Pergunto-me se o sotaque já nasce com elas, ou se se esforçam para o aprender...

terça-feira, dezembro 29

Ainda o Natal

Pai Natal: Um velhote que dá prendas a crianças que não conhece. Um velhote que invade várias casas, e deixa embrulhos suspeitos numa zona onde ele sabe que muita gente se vai reunir. Um velhote cuja principal função nos centros comerciais é sentar crianças ao colo. Um velhote claramente desleixado, aquela pança não engana ninguém. Um velhote que usa a mesma roupa há décadas.

Não quer ser mauzinho (até que quero), mas será que o Pai Natal é assim tão de confiança quanto isso?

quarta-feira, dezembro 23

O Verdadeiro Espírito Natalício

É entrar em pânico nas compras de Natal feitas à última da hora.
É ser mais simpático na esperança de receber mais prendas.
É lembrar de tudo aquilo e todos aqueles a quem ligamos nenhuma o resto do ano.
É acabar todas as conversas com "Feliz Natal e um Bom Ano Novo", mesmo sabendo que se vai ver a pessoa no dia seguinte.
É ouvir a palavra "Natal" e pensar imediatamente em comida e/ou prendas.
É tirar algo da prateleira da loja, e voltar a pousá-lo, pois a pessoa a quem iríamos dar aquilo, de certeza que não nos iria dar nada de volta.
É gastar dinheiro que não se tem.
É dizer mal do Natal, a torto e a direito, e festejar na mesma como se nada fosse, ou seja,

Feliz Natal, e um Bom Ano Novo!

domingo, dezembro 20

Carta ao Pai Natal

Estando nós quase no Natal, acho que chegou a altura de escrever a minha carta ao Pai Natal. Não sabia se haveria de a escrever tendo ou não em conta o Acordo Ortográfico, por isso decidi-me a fazer o mais responsável, e ignorar completamente que essa coisa existe.

Mas antes, tenho uma dúvida existencial. Todas as crianças mandam cartas ao Pai Natal, sejam elas portuguesas, americanas, francesas, alemãs ou o que quer que seja. Será que ele tem um Departamento de Tradução, ou é muito muito muito multilingue?

Bem, cá vai...

[post interrompido pelo Ministério da Educação, e substituído por algo muito mais interessante]

"Uma Aventura no Natal"

As gémeas entraram a correr na sala, seguidas da sua fiel Lesma, o cãozinho branco. Na sala já lá estavam o Desportista Ridicularmente Estúpido, o Cromo Ridicularmente Esperto, e o Pãozinho Sem Sal Hiperactivo, acompanhado do seu fiel cão, Pico. Todos os 5 olharam para o chão e viram uma pegada. 20 minutos depois de uma intensa sessão de pensamento, o Cromo Ridicularmente Esperto exclama "Acho que entrou aqui alguém!", perante os olhares surpresos e exclamações admiradas dos seus amigos. "E esse alguém... tinha 2 pernas!", quase griou o Desportista Ridicularmente Estúpido, ao ver que não eram 1, mas sim 2 pegadas. Oh, o frenesim que se iniciou naquela altura! Foi só quando perceberam que eram as pegadas do Pãozinho Sem Sal Hiperactivo, que descansaram, e se sentaram, prontos para escreverem as suas cartas ao Pai Natal. "Mais um mistério..." começou a gémea, hum, tanto faz, foi uma delas. "... resolvido!" finalizou a outra gémea. "Bem, que tal escrevermos só uma carta?" perguntou o Cromo Ridicularmente Esperto. "Boa ideia!" concordaram todos os outros em uníssono.

"Querido Pai Natal, este ano gostávamos muito de paz no mundo, e de aceitação pela parte dos professores, oh Isabel, estás maluca? Isso é na tua carta! Ah, oh que caraças, Ana, estragaste isto tudo, agora já não podemos mudar! Disfarça, Isabel, disfarça! Estávamos só a brincar, Pai Natal, nós os 5 queremos só a paz no mundo!"

[post devolvido ao dono]

Oh por amor ao Preguiçoso Supremo...

quinta-feira, dezembro 17

Que achas deste perfume?


Nunca dá bom resultado entrar numa perfumaria. A não ser que sejamos raparigas, mulheres, meninas ou um qualquer derivado dessa estranha espécie a que chamam "sexo feminino". Eu não sou, e como tal, sei o pesadelo que podem ser as perfumarias.

Especialmente se lá entrarem com raparigas. "Então, não achas este perfume mais doce que o outro?", ou "Ai, este é tão forte, credo!", são exemplos típicos de frases ditas por gajas (generalizemos, vá), numa perfumaria. E nós, o "sexo masculino", respondemos "Sim, sim, tens razão.", mas pensamos, obviamente "Doce? Huh?", e "Forte? O quê?".

A sério, não vale a pena. Os narizes dos homens no geral são como os olhos dos árbitros. Estão ambos lá, e funcionam, só que há uma certa predisposição para nos esquecermos de como os usar correctamente, e até uma certa preguiça para o fazermos.

terça-feira, dezembro 15

Turno da Noite



Uma espectacular mini-série de animação, com 8 episódios, simplesmente genial. A animação, as vozes, a música, o argumento... tudo simplesmente espectacular. E sim, já passou na televisão... na RTP, às 5 da manhã!

Como simplesmente adorei esta mini-série, que me foi sugerida pela Beky, do blog Dias Soltos, decidi-me a, tal como ela, divulgar a série, para estas coisas não aconteçam, e tenhamos séries de qualidade (ainda por cima é portuguesa!) a passar em horários decentes!

sábado, dezembro 12

Indecente! Indecente!

A situação é simples. A Coca-Cola promoveu um concurso, "Escrita em Dia", que, curiosamente, engloba uma componente de escrita, e uma componente de curtas. O primeiro prémio é, no caso da escrita, nada mais nada menos, do que um workshop de escrita criativa, e 500 euros em livros. Ao ver isto, o meu coração falhou uma batida, e toca lá a concorrer.

Primeira coisa a fazer, é ir ver o regulamento:

Ora bem, limite de caracteres: máximo de 2500; assinar com pseudónimo; escrever em Arial 11, com espaçamento de 1,5 entre as linhas, e as páginas enumeradas sequencialmente; enviar o trabalho em PDF, Word, ou ZIP.

Check, check, check, check. E enviei este: Pássaro de Papel.

Mostrei a várias pessoas, e as críticas foram todas boas, por isso tinha algumas esperanças. Mas não, não cheguei aos 10 finalistas. Deprimido, vou espreitar os outros finalistas. Depois de me deparar com erros ortográficos e autênticas facadas gramaticais (Indecente! Indecente!), vejo um texto que me parece demasiado grande. Curioso, copio-o para o Word, e oh! Desgraça minha, tem 4000 caracteres! Quase o dobro do limite! Verifiquei os outros textos, e cheguei à conclusão que pelo menos metade deles ultrapassa o limite de caracteres. Chateado, mandei-lhes um e-mail:

"Bom dia.

Eu participei no concurso Escrita em Dia, e não cheguei aos finalistas, mas estive a espreitar os ditos finalistas, e há alguns que não cumprem o regulamento, pois ultrapassam o limite de caracteres por muito, já para não falar dos erros ortográficos e gramaticais. Não será isto indecente?

Rui Bastos"

A resposta até que nem demorou muito:

"Caro Rui,

O número de trabalhos que respeitavam a regra estabelecida no regulamento quanto ao número de caracteres (2.500) eram muito poucos.

Por isso, no decorrer do período de inscrições, e de forma a não excluir um número tão elevado de trabalhos, comunicámos no blogue do concurso e aos participantes que nos comunicaram por e-mail, que aceitávamos trabalhos até 1 página.

Mesmo assim tivemos que excluir vários trabalhos.

Esta foi a primeira edição do concurso e temos presente a necessidade de melhorar alguns aspectos.

Obrigada pela compreensão e por ter participado.

Concurso Nacional de Imaginação e Criatividade - Escrita em Dia"


E a minha resposta:


"Bem, o meu ocupava uma página A4, e tinha mais ou menos 2500 caracteres, não sei como é que conseguiram meter 4000 e tal caracteres numa página... A não ser que não tenham cumprido nenhum ponto do regulamento, o que é interessante, no mínimo.

Obrigado pela resposta, e espero que estes aspectos melhorem se houver algum próximo concurso.

Rui Bastos"

Ora, mas isto é verdade. Acreditem eu testei, o tal texto dos 4000 caracteres ocupa, bem formatado, de acordo com o regulamento, quase 3 páginas. Para o meter a todo numa página, tive que meter a letra a 9 (em vez de 12, como dizia o regulamento), o espaçamento entre linhas ficou de 1 (em vez de 1,5, como dizia o regulamento), e só assim couberam os 4000 e tal caracteres (em vez dos 2500, como dizia o regulamento) numa só página. Indecente! Indecente!

Pergunto-me agora, para quê um regulamento? Andei eu a alterar o meu texto, para que ficasse dentro do limite, talvez piorando assim a sua qualidade, mas tudo isso em prol do cumprimento das regras, e há concorrentes que não seguem o regulamento (e talvez mesmo), não sigam absolutamente nenhum ponto do regulamento, e passam? Indecente! Indecente! Isto só prova como o concurso foi mal feito, já para não falar do júri, constituído por uma única pessoa, e é do senso comum que um júri só de uma pessoa não faz muito sentido.

Gostava de realçar que não estou a atacar o júri, o escritor José Luís Peixoto, os finalistas, que têm todos muita qualidade, e não estou, muito menos, a tentar dar cabo disto por puro mau perder. Não, nada disso. Estou mesmo a atacar a companhia que promoveu o concurso, por me sentir injustiçado. Deixam-me a perguntar: para que fizeram o regulamento? É óbvio que não foi com o objectivo de ser cumprido...

Indecente! Indecente!



segunda-feira, dezembro 7

2012

"2012 vai ter 12 meses."

OH MEU DEUS! OH MEU DEUS!

Não, isso é normal.

"Em 2012 vamos todos ser 3 anos mais velhos."

OH MEU DEUS! OH MEU DEUS!

Não, também não é isso.

"2012 vai começar no dia 1 de Janeiro."

OH MEU DEUS! OH MEU D... ok, chega, também não é isso caraças, podemos avançar com isto?!?

"Em 2012 vai acabar o mundo."

Ah pronto, já chegámos a algum lado. Calma... OH MEU DEUS! OH MEU DEUS! Mas afinal o que se passa? É aquela história do 'ai ai nossa senhora que o mundo vai acabar, disseram os Maias, e disse a NASA, e dizem os sites todos da internet, e disse o filme, ai nossa senhora, ai ai ai ai!'? É isso?

Oh, por favor... O mundo não acabava também em 2000? Só se eu não dei por ela. 9 anos depois, e ainda cá ando. Eu e os outros ziliões de habitantes deste calhau azul. Ora se o "fim do mundo" é algo tão imenso, poderoso, catastrófico e insignificante, que nem 1 único habitante entre vários ziliões dá conta...

Venha o próximo!

terça-feira, dezembro 1

O Pássaro de Papel

Tudo começou com um simples quadrado de papel e vontade de criar. Com meia dúzia de dobras se fez um pássaro, que foi observado com satisfação, e largado algures passados alguns segundos. Com meia dúzia de estremecimentos, o pássaro levantou voo, desajeitadamente, tornando-se mais seguro e confiante a cada momento.

Durante algum tempo, contentou-se em esvoaçar por aqui e por ali, mas quando o seu criador reapareceu, ele poisou, delicadamente, perto dele. O criador nem reparou que ele não estava onde o tinha deixado e começou, instantaneamente, a dobrar outra folha.

O pássaro percebeu. Era descartável. A facilidade com que o seu criador o tinha feito era aplicável a qualquer altura, deixando o criador com liberdade para fazer quantos pássaros quisesse, tornando assim, cada um deles, insignificante.

Angustiado, o pássaro levantou novamente voo, de forma silenciosa, fugindo do seu criador, por uma janela. O ar frio embateu no pássaro, sem no entanto o afectar muito, ou não fosse ele feito de papel. Deixou-se levar pelas correntes de ar, que o elevaram cada vez mais nos céus, até que a certa altura vislumbrou algo a passar perto dele.

Recompôs-se, ganhou novamente o controlo do seu voo, reparando que não estava sozinho. Os céus estavam repletos de manchas que se moviam rapidamente em todas as direcções. Só quando conseguiu voar ao lado de uma delas, durante algum tempo, é que compreendeu.

Eram pássaros, tal como ele, mas de carne e osso, que ao contrário dele nasceram livres e não foram feitos com meia dúzia de dobras. Deixou de se sentir insignificante, para passar a sentir-se diferente e especial. Percebeu como o seu criador, apesar de toda a facilidade, tinha feito algo realmente extraordinário.

Criara-o. Não, não o tinha feito livre, e sim, podia fazer vários iguais a ele a qualquer momento, mas tinha-o criado. Num acesso de energia, voou rapidamente para a janela de onde tinha saído, mas antes de lá chegar sentiu que algo não estava bem. Os seus movimentos começavam a tornar-se mais rígidos e o seu voo desajeitado.

Era a sua vida, que se esvaía. Bateu as asas, o mais rapidamente possível, e chegou ao parapeito da janela a tempo de ver a cara sorridente do seu criador a contemplar um novo pássaro. Caiu, mais do que poisou, nesse mesmo parapeito, e ficou sem vida. O criador largou o seu novo pássaro, olhou para a janela, e viu o primeiro que tinha criado. Sorriu, aliviado, exclamando:

- Ah! Estás aí! Pensei que te tinha perdido!