domingo, maio 31

O verdadeiro método meteorológico


Baseando-me na precisão (ou falta dela) e na quantidade de vezes em que realmente acertam no tempo, acho que consigo imaginar como é que os meteorologistas fazem o boletim do dia. Um bocado como atirar cartas para cima da mesa...

Imaginem um mapa de Portugal estendido numa mesa. Agora uma caixa com vários símbolos, sóis, nuvens, chuva, sóis com nuvens, etc. Agora imaginem o homem que faz as previsões. Ele dirige-se à caixa, pega nos símbolos todos, e atira-os para cima do mapa. O que lá calhar, é o que ele vai dizer.

Espectáculo, hã?

sábado, maio 30

Quente, mas quente

Já não estou habituado a uma temperatura tão alta. E isto ainda não é nada, só vamos nos 30 e poucos graus, quando chegarmos ao Verão, e de certeza ultrapassarmos os 40 é que quero ver...

É que o sol já queima mais que o olhar que a minha 'stôra' de Físico-Química nos deita, quando alguém responde alguma barbaridade sobre a matéria!

E o melhor é que isto ainda vai piorar... Nem quero imaginar! É que nem as discussões entre (wanna be) jornalistas de lábios maiores que a cara, e bastonários do que quer que seja, são assim tão acaloradas!

quarta-feira, maio 27

Kôt

Kôt, um grande livro de Rafael Ábalos, o autor de Grimpow, outro grande livro. Kôt conta 3 histórias completamente distintas umas das outras, e que lentamente se vão juntando e interligando. Dum lado seguimos a história de Walter Stuck, um assassino, grão-mestre de uma diabólica seita secreta , chamada Kôt, que é um código para Gótico, e a sua procura pela Essência do Mistério. Do outro seguimos a história de dois adolescentes sobredotados, Nicholas Kilby e Beth Hampton, participantes na EEJA, a Escola Experimental de Jovens Astronautas, um projecto de Kenneth Kogan, enquanto jogam o jogo dos mistérios infinitos, para chegarem à Essência do Mistério. Por fim, na terceira história, temos Aldous Fowler, um detective de homicídios, a investigar, juntamente com a Tenente Taylor, do FBI, o caso do Prestidigitador, um assassino que mata talentosos cientistas.

O interessante, além dos vários códigos encontrados por Nicholas e Beth, é a forma como as histórias se cruzam. Descobrimos que tanto Walter, como Nicholas e Beth, estão atrás da Essência do Mistério; que Walter é o Prestidigitador, o assassino procurado por Aldous; que Walter casa com Susan Gallagher, a "irmã" de Aldous (não é irmã, é irmã gémea do melhor amigo de  Aldous, que é assassinado quando eram novos, passando assim Susan a ver Aldous como irmão e vice-versa); que Nicholas e Beth descobrem coisas que ajudam o caso de  Aldous; quando Aldous descobre a Fundação Universo, um grupo de cientistas que está a ser morto por Walter , e que está na base do jogo dos mistérios infinitos de Nicholas e Beth.

Enfim, isto emaranha-se tudo, é giro. No final, Walter , com os seus capangas, rapta Nicholas e Beth e os mantém prisioneiros, Susan descobre a verdadeira identidade de Walter , e foge, encontrando a polícia, que cercou a casa de Walter. Este desiste, cortando a sua própria cabeça com uma guilhotina, e Nicholas e Beth são soltos. Claro que no meio disto tudo há alguma porrada, principalmente virtual, e uma coisa estranha. Transferência de mentes, é muito estranho mesmo. Antes da pessoa morrer, metem-lhe umas agulhas pelos olhos e lêem-lhe a mente, sugando-lhe o cérebro de seguida, preparando-se para transferir essa mente para outro corpo.

Excelente, uma história complexa, com muitas coisas emaranhadas, mas excelente.

domingo, maio 24

Português, uma raridade


Quem diria que Portugal, é um dos países onde se fala e se escreve menos português? Mas é verdade. O país de originou o português, que é uma língua tão espectacularmente traiçoeira, e que permite uma bela construção de textos, frases, e até de palavras, tão facilmente, é aquele onde ele é menos utilizado. Entre os jovens (e não só!) há agora uma grande utilização da 'linguagem sms'. As tão conhecidas abreviaturas. Não sou adepto, aviso já, sou até um dos últimos resistentes que se opõem a essa linguagem. Tanto 'x', 'k' e 'u' faz-me dor de cabeça. E aquela mania de comerem letras... enfim.

O melhor, é mesmo existirem várias versões da mesma coisa. Várias variantes de abreviaturas. Eu conheço pelo menos três versões, assim de repente. Temos a abreviatura inteligente: "Este pc é msm mt melhor qe o outro!", que pronto, ainda é a melhorzinha das versões. Tira algumas letras, mas abrevia de uma forma inteligente e que dá jeito. Depois há os dois tipos de inbreviaturas. Inbreviaturas são abreviaturas que não abreviam nada. Limitam-se a trocar umas letras por outras, mas continuam lá praticamente todas. Uma delas é a inbreviatura parva: "Ezte computador é mezmu muitu melhor ke u outru!", que é apenas parva. Substitui os 's' por 'z', e alguns 'o' por 'u', e está a andar, não abrevia nadinha. Ainda dentro das inbreviaturas, há a inbreviatura 'armada ao pingarelho': "Exte conputador é mexmu mtu mlhr k u outro!", cuja função não é abreviar nada, mas sim mostrar que se é tão cool como toda a gente. Esta é a que me dá dores de cabeça, e a que mais me faz revoltar contra as abreviaturas.

Mas não pensem que o meu único problema é com as abreviaturas. Nada disso. Também odeio ver mau português. Coisas mal escritas, erros (que não são gralhas, são mesmo erros de ignorância), violentos pontapés na gramática (autênticas cargas de pancada na língua portuguesa), e o simples não saber escrever. Ok, nem toda a gente pode gostar de escrever, e saber escrever bem, mas pelo menos minimamente bem é exigido! Agora, eu vejo gente que anda, ou já andou na escola, e que não sabem escrever mais do que 3 palavras seguidas como deve ser! E uma médica que escreve 'massa' com 'ç'? É verdade, esses poços de virtude que são os médicos, vistos muitas vezes como os supra-sumos da inteligência e gente importante, dão estes erros vitais. Nem todos, mas há os que os dão.

E cá fica, toda a minha revolta contra o mau português. Não me vejo como uma pessoa arrogante que tem a sorte de ter jeito para a escrita e que por isso está sempre a corrigir os outros. Vejo-me como uma pessoa honesta que também dá os seus erros de vez em quando, mas que não gosta das deturpações, por pura ignorância e estupidez, da sua língua materna. E com orgulho.

sábado, maio 23

O Stresse


Hoje, antes de comer um Bife, dos grandes, que até merece um B dos grandes, estavam a falar de stress. E a uns dá para engordar, para outros dá para perder peso. A que conclusão a que eu chego no meio disto tudo?

Que sou um sortudo do caraças. Eu não sei o que me faz o stress, porque eu nem sei muito bem o que é ter stress! Tenho uma vida relativamente calma e descontraída, eu sou uma pessoa relativamente calma e descontraída, encaro as coisas de maneira relativamente calma e descontraída, não tenho stress. Acho que actualmente, não saber o que é ter stress é quase crime, mas nesse caso, declaro-me culpado. E ainda bem.

Por outro lado, quer dizer que quando o stress me atingir, tou tramado. Mas não faz mal. Quando ele me atingir, já não vou saber o que é não ter stresse, por isso não me chateio muito.

Resumindo, por agora, nada. Quando chegar, quero lá saber!

quinta-feira, maio 21

Papa lança portal online


O Papa já tinha lançado um canal no Youtube, mas agora o Vaticano decidiu-se aventurar com um site. Ligaçãos ao Facebook, à Wikipédia, aplicações para o iPhone, e porta principal para o citado canal no Youtube.

Será que preciso mesmo de comentar? De dizer o quão... rídiculo isto tudo é? A Igreja está a usar, em grande, aquilo que até há bem pouco tempo, apelidava de obra do diabo!

A seguir vão abrir uma clínica de aborto, está visto...

terça-feira, maio 19

Flatland


Um livro escrito em 1884, Flatland, de Edwin A. Abbott, é, além de um grande livro explicativo de teorias matemáticas sobre outras dimensões, uma crítica à sociedade vitoriana. Como narrador temos um quadrado, que vive em Flatland, um mundo de duas dimensões, comprimento e largura, onde todos os habitantes são figuras geométricas. Na primeira parte do livro, este quadrado descreve-nos Flatland, a maneira como funciona a sua sociedade, a sua hierarquia, os aspectos biológicos dos seres que a habitam, e as várias maneiras que permitem aos flatlanders reconhecerem-se, entre outras coisas. Esta primeira parte está brilhantemente escrita. As várias formas de reconhecimento entre flatlanders, são até descritas de maneira a que nós as possamos experimentar.

A segunda parte do livro, é sobre a descoberta de outras dimensões. Primeiro, o quadrado, num sonho, visita Lineland, um mundo com uma única dimensão. Todos os seus habitantes são linhas, ou pontos, e o seu Universo é uma única linha. Só conseguiam ver em frente, não tinham qualquer noção do que era a direita ou a esquerda. A maneira como esse mundo funciona, é então explicada ao quadrado, pelo seu monarca. As tentativas do quadrado de mostrar outras dimensões aos linelanders, apenas resultaram numa revolta, da qual o quadrado teve que fugir rapidamente, acordando de repente.

Depois é-nos relatada a visita de uma esfera ao quadrado. Primeiro o quadrado fica abismado e surpreendido com ela, pois apenas consegue ver uma secção da esfera de cada vez, tentando mesmo atacá-la, pensado ser um dos temíveis Irregulares de Flatland, os criminosos e delinquentes. Mas a esfera facilmente se esquiva, e como as suas tentativas de mostrar uma nova dimensão ao quadrado se mostraram infrutíferas, ela empurra-o para cima, mostrando-lhe Spaceland, o mundo de três dimensões, habitado por sólidos. Com algum treino, o quadrado consegue vislumbrar a terceira dimensão, e há uma série de diálogos teóricos sobre as várias dimensões, seguindo uma simples analogia. Temos um ponto que não tem nem altura, nem comprimento nem largura. Se ele se mover para algum lado, ficamos com uma linha recta, que apenas tem comprimento. Se essa linha recta se mover paralelamente a si mesma, obtemos uma figura geométrica, com comprimento e largura. Se agora essa figura geométrica se mover para cima, obtemos um sólido, com comprimento, largura e altura. A certa altura, o quadrado faz uma sugestão que enfurece a esfera: E se esse sólido, agora se movimentar de alguma maneira que vá dar um extra-sólido, pertencente ao reino das quatro dimensões? E se esse extra-sólido se movimentar de tal maneira que vá dar um extra-sólido divino, do reino das cinco dimensões, e por ai adiante, até, quem sabe, as nove e dez dimensões?

A esfera fica tão enfurecida, que manda o quadrado de volta para Flatland. Passado algum tempo, o quadrado tem um sonho, no qual a esfera o leva até Pointlad, o abismo sem dimensões. É um Universo inteiro, com o tamanho de um ponto, onde vive um ponto, que é rei e senhor de si e de todo o Universo, que é ele. Por fim, o quadrado é preso, e a história acaba.

Só tenho a dizer que, apesar de apresentar alguns conceitos algo abstractos, estão muito bem explicados, por isso, qualquer pessoa com dois dedos de testa, percebe tudo; e também que, é uma história espectacular. A maneira como o autor descreve e imagina os diferentes mundos é genial, deixando-nos assim, uma excelente introdução às dimensões.

domingo, maio 17

5º Livro Preguiçoso

O Livro dos 6 (Apreguiçóstolos)

2 meses depois de ter derrotado o Anti-Preguiça, e de ter finalmente acordado do seu sono reparador, o Preguiçoso Supremo viu que o pedaço de cartão com os Meia-Dúzia de Mandamentos flutuava pela sua casa fora, brilhando intensamente em tons de azul. Fazer o que quer que fosse dava muito trabalho, por isso limitou-se a observar. O cartão continuou a flutuar, e o Preguiçoso Supremo reparou num padrão formado pelos movimentos do cartão. Estava a escrever uma mensagem. O Preguiçoso Supremo ganhou coragem e concentrou-se tentado ler o que o cartão lhe tentava dizer. Dizia 'Chegou a nossa altura. Chama-nos.'

'Chamo quem?' pensou o Preguiçoso Supremo. No cartão estavam os Mandamentos, será que era por eles? Foi então que, num flash, o cartão brilhou mais intensamente, e o Preguiçoso Supremo soube. "Eu chamo os Apreguiçóstolos!". O cartão estremeceu, e dele saíram 6 raios de luz azulada, que iam ter à frente do Preguiçoso Supremo. Os raios materializaram-se em 6 homens de longas barbas azuis, carecas, de olhos negros. "Nós somos os Guardiões das Mandamentos, os 6 Apreguiçóstolos!", disseram os 6 em uníssono. O Preguiçoso Supremo não estava à espera daquilo, e ficou surpreendido, sem saber o que dizer.

"Como assim, os Guardiões dos Mandamentos? Apreguiçóstolos?" perguntou o Preguiçoso Supremo, enquanto se levantava. Imediatamente um dos Apreguiçóstolos aproximou-se dele, e empurrou-o suavemente, até ele se sentar novamente. No fim olhou para ele e disse: "Nada farás.", voltando rapidamente para o lado dos outros 6. O Preguiçoso Supremo estava confuso. 6 velhos de barbas, que parecem ser as materializações dos Mandamentos, reagiam quando ele contrariava algum desses Mandamentos.

"Então... pelo que estou a perceber, vocês não me podem deixar quebrar nenhum dos Mandamentos?". "Nem ao Supremo, nem a ninguém que se afirme seguidor da Preguiça.". "Hum, certo... então se eu me quisesse levantar e ir buscar qualquer coisa para comer...", mas antes que o Preguiçoso Supremo pudesse acabar a frase, outro dos Apreguiçóstolos, foi rapidamente até à cozinha, de onde voltou, pouco depois, com alguma comida num tabuleiro, que pousou em frente ao Preguiçoso Supremo. Depois disse: "Não trabalharás.".

"Já começo a gostar de vocês..."