sábado, fevereiro 5

Sobre Ricardo Reis

Ele era um panhonha

Que escrevia poesia
E que não tinha fronha
Porque não existia.

Nem não nem sim
De jeito nada saía
Dizia que nim
Porque não existia.

O pai era louco
Mãe, não havia
Irmãs tampouco
Porque ele não existia.

Mas tinha um irmão!
Que pouco dizia
Por causa de um senão:
Também não existia.

Ou seja, era uma festa
Que tantos doidos faziam.
Mas só atrás de uma testa
Já que não existiam.

A testa do Nandinho
Que se contradizia
E não era um bocadinho,
Se bem que já existia.

Era esquizofrénico
E agora sem me rir,
Era neurasténico
E gostava era de existir.

Bem, vamos lá acabar:
Ele tinha a mania
De se pôr a inventar
E se calhar nem existia.

17 comentários:

Alice Matou-se disse...

Eu amo Ricardo Reis. Muito mais vanguardista e profundo do que o carneiro militante que é o Camões.

Beky disse...

E dizias tu que não gotavas de poesia? :D hahaha

Rui Bastos disse...

LOL, és de facto muito engraçada. O Reis, vanguardista? E o Caeiro era doutorado em linguística, não era? xD

Rui Bastos disse...

E presta atenção ao facto de serem quadras, não quadras populares, "poesia de trazer por casa", mas como forma de expressar a minha aproximação à simplicidade da inconsciência... Ok, quase que não consegui acabar a frase sem me rir xD

M. à conversa disse...

Este poema estava num comentário do meu namorado ao meu blogue! Que faz ele aqui? hihihihi :D
O que eu me ri este poema, e Arisu devo discordar contigo de todos os heterónimos que estudei este é o que menos gosto, não sabe para que lado ir, ou epicurista ou estoicista ENFIM badadasbudidui

Rui Bastos disse...

Sei lá eu (aa)

Quanto ao Reis, pois... um choninhas xD

Alice Matou-se disse...

Toda a obra de Fernando pessoa é vanguardista. Ele era livre, não escrevia poesia porque os outros mandavam (cof cof) <3

Alice Matou-se disse...

Dava-se a rimas fatelas
Escrevia redondilhas
Para donzelas
Que descreve como suas filhas

Veio o renascimento
Sentiu-se perdido
Aceitou com prontamento
O que o rei lhe havia pedido

Escreveu os Lusiadas
Deixou toda a gente feliz
Afinal o seu povo
Era o de melhor caris

Sofreu tanto o coitado
De desgostos de amor
Que o tenham logo afastado
Pois não me espanta a mim

M. à conversa disse...

Bem isto é só imaginação poética, ou terei eu uma visão frenética ? (tentativa :p)

Rui Bastos disse...

I resent that! Ele não escreveu os lusíadas a pedido de ninguém -.-

E por acaso o povo português era o maior sim senhor, já falei disso :C

Alice Matou-se disse...

Nhenhenhe. Entao os alemães também eram os maiores aquando da segunda guerra mundial. Se alguem se lembrasse de escrever uma epopeia ao Hitler era bom na mesma porque eles eram de facto os melhores naquela altura?

Rui Bastos disse...

Não queiras comparar um império em expansão do século XVI, que ocupa terras ocupadas por índios, mas que caso essas terras tivessem uma sociedade relativamente evoluída, pouco os chateavam, a uma ditadura do século XX que matava crianças (e pessoas em geral) por terem deficiências, ou que fazia o que fez com os campos de concentração...

jamaican scary guy disse...

epah fiquei um bocado assustado depois de ler isto. só assim por acaso não és nenhum tipo de reencarnação do Pessoa pois não?! xD

Rui Bastos disse...

Mau, tu não me digas isso que eu salto já da janela o.o

Beky disse...

pouco os chateavam? o: oh Rui! então eles viviam ao sol, a brincar com os filhos o dia todo, a cantar, e a dançar: para comer só tinham de apanhar uns frutos... e nós o que fizemos? fomos para lá mandá-los trabalhar, mandá-los aprender uma língua que não era a deles, estragar a boa vida que eles tinham! nhec.

Rui Bastos disse...

E morriam antes dos 30 por causa de doenças horríveis como "constipações" e "infecções na unha do dedo grande do pé". Nós só lhes levámos coisas horríveis como "medicamentos", "tratamentos para doenças", aumentando assim a desprezável "esperança média de vida".

(apesar de lhes termos levado doenças e trazido de lá alguns deles como escravos... details, I say (aa))

Beky disse...

nao nao. eles tinham chazinhos que curavam todas as doenças deles, e que alias ainda hoje usamos quando estamos doentes. E nesse tempo nós também morriamos aos 40, portanto...