Era ele que ali estava. Ele próprio a derrubar as Árvores-da-Preguiça. Mas algo estava diferente. Sim, era ele, mas não era ele. Tinha o cabelo espetado e os olhos completamente brancos. Mexia-se freneticamente derrubando tudo o que encontrasse no caminho. Faiscava de electricidade estática criada pelos seus movimentos, electricidade essa que o cobria completamente, com os raios a serpentearem por todo o seu corpo. Quando reparou no Preguiçoso Supremo, parou completamente, todo o corpo a faiscar e olhou longamente para o Preguiçoso Supremo, que, exausto de se ver a si mesmo mexer tanto, deixou-se cair. "Ora, ora, ora, o que temos aqui?!? Serás tu, tu o meu criador? Hum, hum, hum?" Falava depressa com repetições sucessivas a uma velocidade estonteante. "Então, então, então, não falas?" O Preguiçoso Supremo, aturdido com tanta energia, só conseguiu dizer: 'Quem sois vós?'. 'Nós? Hum? AH! Eu! Sim, eu! Eu sou tu, e tu és eu, mas não somos iguais. Eu sou o ANTI-PREGUIÇA!'
Depois daquela revelação, o Anti-Preguiça recomeçou o seu movimento frenético, a andar à volta doPreguiçoso Supremo. Este, já exausto, estava quase a desmaiar, aquilo era demasiado movimento para ele. Então, num movimento relampejante, o Anti-Preguiça ergueu um braço e disparou um raio de electricidade contra o Preguiçoso Supremo. Como desviar-se dava muito trabalho, o Preguiçoso Supremo apanhou com o raio mesmo em cheio. A descarga eléctrica percorreu o seu corpo e começou a transbordar de energia, que era suposto meter o Preguiçoso Supremo a mexer-se freneticamente como o Anti-Preguiça. Mas ele era simplesmente demasiado preguiçoso para isso, e o seu poder de preguiça pura dominou a energia de movimento do Anti-Preguiça. Ergueu-se a custo, sobre o olhar espantado do Anti-Preguiça, e atingiu-o com um raio de pura energia preguiçosa. O Anti-Preguiça parou completamente, a electricidade estática desapareceu do seu corpo, e sentou-se a olhar para o Preguiçoso Supremo.
A batalha que se seguiu teve dimensões colossais (ou não)! O Preguiçoso Supremo, extenuado, sentou-se também e olhou de volta para o Anti-Preguiça. "Tu és eu. Embora sejas o meu contrário, és eu, ou seja, preguiçoso. Tudo o que precisei foi a estimulação certa dos teus preguiçosus complexus para te anular o movimento." O Anti-Preguiça boceja e diz: "És esperto. Mas sabes que isto não vai durar para sempre não sabes?". "Sei". "Ainda bem". A troca de olhares seguintes foi simplesmente ridícula, durou apenas 3 segundos, até ambos caírem para o lado a dormir. O Anti-Preguiça ali ficou, e o Preguiçoso Supremo voltou para o seu corpo. E estava desperto. A sua alma estava estafada, mas essa dormia, o seu corpo estava bom. Pensou 'Não vai ficar assim para sempre, mas há-de servir por uns tempos...', fechou os olhos e caiu para o lado, a dormir.
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